Perspectivas no agronegócio: insumos, defensivos e o mercado

Entender as suas perspectivas de mercado para o agronegócio em 2025 é primordial. Isso porque o mesmo continua desempenhando um papel fundamental na economia brasileira e mundial, contribuindo de forma significativa para o PIB, geração de empregos, desenvolvimento tecnológico e sustentabilidade ambiental.

Com a crescente demanda por alimentos, fibras e biocombustíveis, os produtores acompanham cada vez mais as tendências e perspectivas de mercado. Neste ano, observar esses movimentos será essencial para manter a competitividade, otimizar custos, acessar novos mercados e melhorar a qualidade dos produtos.

Portanto, neste artigo, vamos explorar as perspectivas do mercado agrícola, dividindo a análise em três tópicos principais: insumos (como sementes, fertilizantes e maquinário), defensivos agrícolas (como herbicidas, inseticidas e fungicidas) e o mercado geral (incluindo exportações, comercialização regulamentações e tecnologia). Com uma visão ampla e estratégica, é possível tomar decisões mais assertivas e planejar melhor o próximo ciclo agrícola.


Panorama geral: o contexto econômico e climático

Antes de mergulharmos em insumos e defensivos, é essencial entendermos o contexto em que o mercado do agronegócio se encontrou em 2024, dentro de uma economia mundial desafiada por inflação, oscilações nas cadeias de suprimentos e avanços em políticas ambientais. Extremos climáticos, como secas prolongadas, grandes inundações e geadas atípicas, também afetaram a produtividade no campo.

Por consequência do cenário, os produtores estão focados em eficiência, resiliência e redução de custos. Ainda assim, a digitalização do campo, integração de dados, práticas de agricultura de precisão e monitoramento do clima e do solo tornaram-se estratégias-chave. Nesse cenário, informações confiáveis e atualizadas sobre perspectivas de mercado são mais relevantes do que nunca.

Em levantamento recente divulgado pela CNA (Confederação Nacional da Agricultura), o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) pode chegar a 5% em 2025 e será impulsionado pelo aumento da produção primária agrícola, com destaque para os grãos, e pelo crescimento da indústria de insumos e da agroindústria exportadora. Outro ponto que ainda vai continuar desafiador serão as novas medidas da Lei de Antidesmatamento (EUDR), uma vez que as tensões entre as principais economias mundiais continuarão.

Outra preocupação apontada pela Confederação para o próximo ano é em relação à valorização do dólar que, apesar de favorecer as negociações antecipadas das principais commodities agrícolas, pressiona os custos de insumos, como fertilizantes e pacotes tecnológicos para o produtor brasileiro, por serem, em boa parte, importados.

Segundo avaliação da CNA, a condução da política monetária será um desafio em 2025. Frente aos desafios fiscais e às expectativas inflacionárias, é esperada a manutenção da taxa Selic em patamar elevado, com projeção de 13,50% ao final do próximo ano, onde os juros altos impactarão as concessões de crédito em 2025.


Mercado de insumos agrícolas: eficiência, qualidade e sustentabilidade

Sementes de alta performance

Em contrapartida, a demanda por sementes produtivas, resistentes a pragas, doenças e variações climáticas segue em alta. Ferramentas fundamentais de biotecnologia e melhoramento genético garantem culturas mais estáveis. Todavia, em 2024, fornecedores de sementes trabalham em parceria com instituições de pesquisa e startups de tecnologia agrícola para disponibilizar variedades que atendam às novas demandas do mercado e da natureza.

Fertilizantes que otimizam o seu uso

Da mesma forma, a questão dos fertilizantes é central para estratégias de custo e produtividade. Embora as cadeias globais de suprimentos estejam mais complexas e com o aumento de preços, muitos produtores buscam alternativas e programas de uso racional. Por isso, fertilizantes de liberação controlada, adubos orgânicos e técnicas de adubação de precisão se consolidam em 2024, promovendo sustentabilidade e eficiência, e estarão crescendo cada vez mais em 2025.

Maquinário e equipamentos modernos

Outro ponto é a mecanização agrícola que avança rapidamente, impulsionada pela IoT e análise de dados em tempo real. Máquinas autônomas, drones e sensores integrados permitem o monitoramento preciso das lavouras. Em 2024, o acesso a essas tecnologias tende a se democratizar, beneficiando pequenos e médios produtores.

Defensivos Agrícolas: uso consciente e novas alternativas

A pressão regulatória e a conscientização sobre segurança alimentar e saúde ambiental impulsionam a redução de defensivos químicos convencionais. O Manejo Integrado de Pragas (MIP) e a adoção de defensivos biológicos, extratos vegetais e microrganismos benéficos ganham destaque.

Novas tecnologias aplicadas a defensivos

A inovação se manifesta em produtos mais específicos, com menor risco de resistência e impacto reduzido em espécies não alvo. Ferramentas digitais de monitoramento permitem intervenções mais pontuais e eficazes, garantindo maior qualidade das safras e uma imagem sustentável.

Mercado geral: tendências, exportações e políticas públicas

Exportações e Acesso a Novos Mercados

Outrossim o Brasil e outros países exportadores continuam buscando novos mercados, diversificando parceiros comerciais e reduzindo dependências. Em 2024, a expansão do comércio com países da Ásia, Oriente Médio e África apresenta novas oportunidades.

O cenário geopolítico no próximo ano traz tensões, oportunidades e transformações globais. O principal fator de mudança será determinado pelo mandato de Donald Trump nos Estados Unidos. As medidas propostas para a economia americana terão alto grau de influência sobre o cenário global em aspectos cambiais, políticos e macroeconômicos.

Do outro lado do Atlântico, na Europa, a propagação de informações falsas sobre a qualidade de produção de alimentos, especialmente das carnes do Brasil e dos demais países do Mercosul, fez com que algumas empresas anunciassem um boicote às compras de produtos nacionais, o que gerou uma forte reação do setor privado brasileiro e que seguirá como prioridade na avaliação de ações legais de compensação em 2025.

A China, o principal mercado do Brasil, enfrenta redução no crescimento econômico devido à demanda interna e à alta capacidade ociosa. O país tem buscado nas exportações uma saída para escoar sua produção, mas as tarifas dos Estados Unidos tornam essa estratégia menos viável. Porém, mesmo diante de tal cenário, a CONAB prevê exportar cerca de 105,54 milhões de toneladas.

Apesar dos esforços em se manter menos dependente do fornecimento externo de grãos, o mercado chinês ainda não consegue atingir a autossuficiência na produção, já que a disponibilidade de terras agricultáveis e de água para uso agrícola é baixa.

Por fim, são esperadas novas orientações e esclarecimentos na implantação da Lei Antidesmatamento da União Europeia (EUDR), enquanto países produtores e exportadores de alimentos se organizam em torno de uma coalização internacional para enfrentamento de barreiras climáticas que impactam comércio e desrespeitam legislações nacionais.

Políticas públicas e incentivos à inovação

Assim como governos e organizações internacionais incentivam pesquisa, inovação e práticas sustentáveis, como recuperação de áreas degradadas e preservação de recursos hídricos, financiamentos e seguros rurais oferecem mais segurança para investimentos de longo prazo.

Tecnologia e digitalização no campo

Da mesma forma, plataformas online, aplicativos de gestão e análise de big data tornam as decisões mais precisas. Em 2024, o ecossistema de inovação agrícola se fortalece, permitindo soluções personalizadas.

Sustentabilidade e responsabilidade socioambiental

Sob o mesmo ponto de vista com os impactos das mudanças climáticas, a sustentabilidade é um ativo estratégico. Práticas regenerativas, conservação do solo e redução de emissões de gases garantem resiliência. Produtores comprometidos com valores socioambientais terão vantagens competitivas.

Crédito e seguro: organização para gerir riscos

Ainda assim, a Confederação mostrou que a política agrícola brasileira deve encontrar no orçamento público desafios a serem superados em 2025. O agro precisará se organizar para fortalecer a gestão de riscos, manter o crescimento das fontes alternativas de financiamento, como o mercado de capitais, e adotar estratégias que assegurem a sustentabilidade econômica diante do aumento nos custos de produção.

O orçamento do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) não deve sinalizar aumento para o próximo ano. O recurso previsto de R$ 1,06 bilhão é insuficiente diante da demanda do setor por R$ 4 bilhões. No entanto, o agro aposta em novas alternativas para modernizar o seguro, como o Projeto de Lei 2.951/2024, que traz mudanças no Fundo Catástrofe e outros pontos que devem consolidar a ferramenta.

Planejamento e adaptação constante

Ainda assim, as perspectivas de mercado para o agronegócio em 2025 refletem um setor dinâmico, inovador e cada vez mais consciente de seu papel econômico, social e ambiental. Nesse sentido o sucesso dependerá de acompanhar tendências em insumos, investir em defensivos mais sustentáveis e aproveitar oportunidades internas e externas. Com planejamento, adaptação e inovação, produtores e stakeholders podem garantir segurança alimentar, geração de renda e desenvolvimento sustentável, superando desafios e aproveitando novas ferramentas disponíveis.

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